Por detrás dos 87,4% de probabilidade de corte de juros: o mercado cripto está a viver uma crise de “exaustão das expectativas”
Quando o “FedWatch” da CME elevou a probabilidade de um corte de 25 pontos base em dezembro para 87,4%, a dúvida deixou de ser “corta ou não corta” e passou a ser o desafio cruel de “e se cortar, e depois?”. Este número foi atualizado na manhã de 1 de dezembro de 2025, parecendo estender um tapete vermelho aos ativos de risco, mas na verdade pode já ter antecipado o otimismo até à beira do perigo.
Os dados em si são reais: a probabilidade da Fed cortar 25 pontos base em dezembro é de facto de 87,4%, e a de manter inalterado é de apenas 12,6%. Para janeiro do próximo ano, a probabilidade de um corte acumulado de 25 PB é de 67,5% e de 50 PB é de 23,2%. Mas o que mais merece atenção é que este número de 87,4% já se mantém há vários dias, o que significa que o mercado usou dinheiro real para precificar totalmente o corte — quando o consenso se aproxima dos 100%, a verdadeira volatilidade normalmente vem de “cisnes negros” de “decepção face às expectativas”.
Ilusão de liquidez: Porque cortar juros ≠ subida garantida
A história mostra que, quando o ciclo expansionista começa, a primeira onda de subida no mercado cripto ocorre sempre durante o “período de formação de expectativas”, não na “concretização”. A 19 de dezembro de 2024, quando a probabilidade de corte disparou para o pico absoluto de 98,6%, o Bitcoin acabou por cair 6% nas 48 horas após o corte. Isto porque:
1. Fundos de arbitragem saem antecipadamente: as instituições vendem contratos futuros e compram spot no pico de probabilidade, concluindo a arbitragem de base; o momento do corte é o gatilho para fechar posições.
2. Reajuste do prémio de risco: após a confirmação do corte, o foco do mercado muda de imediato para “quantos cortes ainda haverá no próximo ano”; se o dot plot da Fed mostrar apenas 2-3 cortes em 2026, ficará muito aquém das expectativas atuais, podendo inverter o sentimento.
3. Lógica do dólar mais fraco é questionável: cortar juros de facto pressiona o dólar, mas se o BCE e o Banco do Japão também afrouxarem, o índice do dólar pode não enfraquecer o suficiente para apoiar um bull market cripto.
Apesar de os ETFs de Bitcoin terem voltado a registar entradas líquidas, os 71,37 milhões de dólares de 28 de novembro não passam de uma “cobertura” para a saída diária de 114 milhões do IBIT da BlackRock. As instituições estão a trocar de mãos, não a cantar em coro.
A verdade sobre os fluxos dos ETFs: quem compra e quem vende?
À primeira vista: ARKB com entradas líquidas de 88,04 milhões, FBTC com 77,45 milhões, sugerindo nova concentração institucional.
Na realidade: os clientes do IBIT da BlackRock (fundos de pensões, fundações) estão a realizar lucros no fim do ano, enquanto os clientes da ARK e Fidelity (hedge funds, indivíduos de elevado património) apostam no jogo político. É uma rotação entre “fundos de alocação” e “fundos de trading”, não uma festa de entrada de novo dinheiro.
O sinal mais real vem do prémio de Coinbase ter deixado 22 dias consecutivos em terreno negativo — isto significa que a pressão vendedora doméstica nos EUA diminuiu, mas não implica compra agressiva. O prémio positivo reflete mais a relutância em vender do que o apetite comprador. Em dezembro, mês de menor liquidez, este “esgotamento da venda” é facilmente confundido com “renovação da compra”, quando na verdade revela a fragilidade da profundidade do mercado.
O erro fatal dos retalhistas: perseguir máximos na “certeza”
87,4% de probabilidade é conforto para o retalhista, mas alerta de risco para as instituições.
• O mercado de opções já preparou armadilhas: nas opções BTC da Deribit que expiram a 27 de dezembro, as calls em aberto concentram-se nos 95.000-100.000 dólares, enquanto as puts estão densas nos 85.000. As instituições estão a vender calls fora do dinheiro para colher o FOMO dos retalhistas, tornando o prémio uma fonte de cashflow estável em bear market.
• A desalavancagem ainda não terminou: embora alguns digam que “a limpeza de alavancagem está concluída”, os dados on-chain mostram que as taxas de financiamento das perpétuas permanecem elevadas (0,01%-0,03%), indicando excesso de posições longas. A verdadeira limpeza exige taxas negativas e liquidações acima de 500 milhões de dólares, o que ainda não se verifica.
• Armadilha de sobrecompra técnica: o RSI horário já está nos 65, e o de 4 horas perto dos 70, entrando em “sobrecompra técnica”. Perante eventos macro, a sobrecompra leva frequentemente a realização de lucros antecipada, causando rápidas correções após falsos breakouts.
O dilema do retalhista é confundir “estratégia de cobertura” institucional com “orientação direcional”, e tomar consenso probabilístico como garantia de lucro.
Cenários: três caminhos possíveis e estratégias
Cenário A: Corte de 25 PB em dezembro como esperado, dot plot dovish (probabilidade 30%)
• Mercado: BTC sobe brevemente até 93.500 USD e recua rápido para 90.500, ETH segue sem força • Estratégia: não perseguir máximos, reforçar só em correção para 89.000; se tiver spot, vender calls cobertas acima de 93.000 para aumentar rendimento
Cenário B: Corte como esperado mas dot plot hawkish (probabilidade 50%)
• Mercado: BTC faz falso breakout a 91.500 e cai para 86.500, ETH resiste melhor por narrativa de staking • Estratégia: definir take profit em 91.500, manter 50% em cash; se cair inesperadamente para 85.500, comprar call de 3 meses (prevendo novo corte no 1º trimestre de 2026)
Cenário C: Surpresa, pausa no corte (probabilidade 12,6%)
• Mercado: BTC cai mais de 8% num dia, testa mínimos de 81.000, liquidações de leverage em ETH • Estratégia: não tentar apanhar a faca, esperar 48 horas para o mercado digerir, ver se o índice do dólar cai abaixo de 106 antes de voltar a entrar
O verdadeiro Alpha: preparar-se para o “desvio das expectativas”
Em vez de apostar no consenso dos 87,4%, é melhor procurar oportunidades assimétricas criadas pelo “desvio das expectativas”:
1. ETF de staking de Ethereum: se a SEC aprovar a funcionalidade de staking até 20 de dezembro, o ETH pode desbloquear uma lógica de “obrigação”, atraindo capital do BTC e fazendo cair a taxa BTC/ETH. Pode-se posicionar antecipadamente no par ETH/BTC.
2. Buraco negro de liquidez das altcoins: com o efeito “vampiro” das moedas principais, as de pequena e média capitalização podem perder liquidez. Mas a Solana, devido à expectativa de ETF e atividade on-chain, pode subir contra a tendência, criando um cenário de “blue chips dão palco, altcoins fazem o show”.
3. Arbitragem entre vencimentos: atualmente, o diferencial anualizado entre futuros de dezembro e março ronda os 8%. Se após o corte se alargar para mais de 12%, pode-se vender contratos de curto prazo e comprar de longo para arbitrar.
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Conclusão: 87,4% é o “bilhete de saída” das instituições, não o “bilhete de entrada” do retalhista
Quando o mercado se entusiasma com um corte quase garantido, o dinheiro inteligente procura precificar surpresas como “cortar mas cair” ou “não cortar e subir”. A decisão mais perigosa para o retalhista é perseguir volatilidade no pico da probabilidade.
Sugestões operacionais:
• Não reforçar acima de 91.500, aí o risco/retorno é pior • Trocar spot por opções: comprar calls de strike 89.000 (prémio cerca de 1.200 USD), limitando o risco ao prémio e maximizando potenciais ganhos • Atenção aos dados PCE de 13 de dezembro: se o core PCE anual for inferior a 2,7%, abre-se caminho para cortes em 2026 — aí sim é altura de carregar
O pico de liquidez pode mesmo chegar, mas lembre-se: na piscina de Wall Street, o retalhista nunca é quem vai buscar a água, mas sim quem é apanhado pela onda. Os 87,4% não passam de um convite das instituições para a armadilha. O verdadeiro vencedor espera pela confirmação quando a probabilidade recuar de 87,4% para os 60%.
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Por detrás dos 87,4% de probabilidade de corte de juros: o mercado cripto está a viver uma crise de “exaustão das expectativas”
Quando o “FedWatch” da CME elevou a probabilidade de um corte de 25 pontos base em dezembro para 87,4%, a dúvida deixou de ser “corta ou não corta” e passou a ser o desafio cruel de “e se cortar, e depois?”. Este número foi atualizado na manhã de 1 de dezembro de 2025, parecendo estender um tapete vermelho aos ativos de risco, mas na verdade pode já ter antecipado o otimismo até à beira do perigo.
Os dados em si são reais: a probabilidade da Fed cortar 25 pontos base em dezembro é de facto de 87,4%, e a de manter inalterado é de apenas 12,6%. Para janeiro do próximo ano, a probabilidade de um corte acumulado de 25 PB é de 67,5% e de 50 PB é de 23,2%. Mas o que mais merece atenção é que este número de 87,4% já se mantém há vários dias, o que significa que o mercado usou dinheiro real para precificar totalmente o corte — quando o consenso se aproxima dos 100%, a verdadeira volatilidade normalmente vem de “cisnes negros” de “decepção face às expectativas”.
Ilusão de liquidez: Porque cortar juros ≠ subida garantida
A história mostra que, quando o ciclo expansionista começa, a primeira onda de subida no mercado cripto ocorre sempre durante o “período de formação de expectativas”, não na “concretização”. A 19 de dezembro de 2024, quando a probabilidade de corte disparou para o pico absoluto de 98,6%, o Bitcoin acabou por cair 6% nas 48 horas após o corte. Isto porque:
1. Fundos de arbitragem saem antecipadamente: as instituições vendem contratos futuros e compram spot no pico de probabilidade, concluindo a arbitragem de base; o momento do corte é o gatilho para fechar posições.
2. Reajuste do prémio de risco: após a confirmação do corte, o foco do mercado muda de imediato para “quantos cortes ainda haverá no próximo ano”; se o dot plot da Fed mostrar apenas 2-3 cortes em 2026, ficará muito aquém das expectativas atuais, podendo inverter o sentimento.
3. Lógica do dólar mais fraco é questionável: cortar juros de facto pressiona o dólar, mas se o BCE e o Banco do Japão também afrouxarem, o índice do dólar pode não enfraquecer o suficiente para apoiar um bull market cripto.
Apesar de os ETFs de Bitcoin terem voltado a registar entradas líquidas, os 71,37 milhões de dólares de 28 de novembro não passam de uma “cobertura” para a saída diária de 114 milhões do IBIT da BlackRock. As instituições estão a trocar de mãos, não a cantar em coro.
A verdade sobre os fluxos dos ETFs: quem compra e quem vende?
À primeira vista: ARKB com entradas líquidas de 88,04 milhões, FBTC com 77,45 milhões, sugerindo nova concentração institucional.
Na realidade: os clientes do IBIT da BlackRock (fundos de pensões, fundações) estão a realizar lucros no fim do ano, enquanto os clientes da ARK e Fidelity (hedge funds, indivíduos de elevado património) apostam no jogo político. É uma rotação entre “fundos de alocação” e “fundos de trading”, não uma festa de entrada de novo dinheiro.
O sinal mais real vem do prémio de Coinbase ter deixado 22 dias consecutivos em terreno negativo — isto significa que a pressão vendedora doméstica nos EUA diminuiu, mas não implica compra agressiva. O prémio positivo reflete mais a relutância em vender do que o apetite comprador. Em dezembro, mês de menor liquidez, este “esgotamento da venda” é facilmente confundido com “renovação da compra”, quando na verdade revela a fragilidade da profundidade do mercado.
O erro fatal dos retalhistas: perseguir máximos na “certeza”
87,4% de probabilidade é conforto para o retalhista, mas alerta de risco para as instituições.
• O mercado de opções já preparou armadilhas: nas opções BTC da Deribit que expiram a 27 de dezembro, as calls em aberto concentram-se nos 95.000-100.000 dólares, enquanto as puts estão densas nos 85.000. As instituições estão a vender calls fora do dinheiro para colher o FOMO dos retalhistas, tornando o prémio uma fonte de cashflow estável em bear market.
• A desalavancagem ainda não terminou: embora alguns digam que “a limpeza de alavancagem está concluída”, os dados on-chain mostram que as taxas de financiamento das perpétuas permanecem elevadas (0,01%-0,03%), indicando excesso de posições longas. A verdadeira limpeza exige taxas negativas e liquidações acima de 500 milhões de dólares, o que ainda não se verifica.
• Armadilha de sobrecompra técnica: o RSI horário já está nos 65, e o de 4 horas perto dos 70, entrando em “sobrecompra técnica”. Perante eventos macro, a sobrecompra leva frequentemente a realização de lucros antecipada, causando rápidas correções após falsos breakouts.
O dilema do retalhista é confundir “estratégia de cobertura” institucional com “orientação direcional”, e tomar consenso probabilístico como garantia de lucro.
Cenários: três caminhos possíveis e estratégias
Cenário A: Corte de 25 PB em dezembro como esperado, dot plot dovish (probabilidade 30%)
• Mercado: BTC sobe brevemente até 93.500 USD e recua rápido para 90.500, ETH segue sem força
• Estratégia: não perseguir máximos, reforçar só em correção para 89.000; se tiver spot, vender calls cobertas acima de 93.000 para aumentar rendimento
Cenário B: Corte como esperado mas dot plot hawkish (probabilidade 50%)
• Mercado: BTC faz falso breakout a 91.500 e cai para 86.500, ETH resiste melhor por narrativa de staking
• Estratégia: definir take profit em 91.500, manter 50% em cash; se cair inesperadamente para 85.500, comprar call de 3 meses (prevendo novo corte no 1º trimestre de 2026)
Cenário C: Surpresa, pausa no corte (probabilidade 12,6%)
• Mercado: BTC cai mais de 8% num dia, testa mínimos de 81.000, liquidações de leverage em ETH
• Estratégia: não tentar apanhar a faca, esperar 48 horas para o mercado digerir, ver se o índice do dólar cai abaixo de 106 antes de voltar a entrar
O verdadeiro Alpha: preparar-se para o “desvio das expectativas”
Em vez de apostar no consenso dos 87,4%, é melhor procurar oportunidades assimétricas criadas pelo “desvio das expectativas”:
1. ETF de staking de Ethereum: se a SEC aprovar a funcionalidade de staking até 20 de dezembro, o ETH pode desbloquear uma lógica de “obrigação”, atraindo capital do BTC e fazendo cair a taxa BTC/ETH. Pode-se posicionar antecipadamente no par ETH/BTC.
2. Buraco negro de liquidez das altcoins: com o efeito “vampiro” das moedas principais, as de pequena e média capitalização podem perder liquidez. Mas a Solana, devido à expectativa de ETF e atividade on-chain, pode subir contra a tendência, criando um cenário de “blue chips dão palco, altcoins fazem o show”.
3. Arbitragem entre vencimentos: atualmente, o diferencial anualizado entre futuros de dezembro e março ronda os 8%. Se após o corte se alargar para mais de 12%, pode-se vender contratos de curto prazo e comprar de longo para arbitrar.
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Conclusão: 87,4% é o “bilhete de saída” das instituições, não o “bilhete de entrada” do retalhista
Quando o mercado se entusiasma com um corte quase garantido, o dinheiro inteligente procura precificar surpresas como “cortar mas cair” ou “não cortar e subir”. A decisão mais perigosa para o retalhista é perseguir volatilidade no pico da probabilidade.
Sugestões operacionais:
• Não reforçar acima de 91.500, aí o risco/retorno é pior
• Trocar spot por opções: comprar calls de strike 89.000 (prémio cerca de 1.200 USD), limitando o risco ao prémio e maximizando potenciais ganhos
• Atenção aos dados PCE de 13 de dezembro: se o core PCE anual for inferior a 2,7%, abre-se caminho para cortes em 2026 — aí sim é altura de carregar
O pico de liquidez pode mesmo chegar, mas lembre-se: na piscina de Wall Street, o retalhista nunca é quem vai buscar a água, mas sim quem é apanhado pela onda. Os 87,4% não passam de um convite das instituições para a armadilha. O verdadeiro vencedor espera pela confirmação quando a probabilidade recuar de 87,4% para os 60%.