Lembra-te do inverno passado? Um irmão enviou-me uma mensagem às duas da manhã, a dizer que a conta dele tinha passado de mais de trinta mil para apenas dez mil euros, tudo num instante. Ficou completamente em choque, deitado na cama a olhar fixamente para aquela vela vermelha gigante no gráfico; quase que partiu o telemóvel. Também já tiveste um momento de colapso assim?

Na altura, dei-lhe uma ordem rigorosa: durante uma semana, nada de operar. A única coisa que tinha de fazer era rever todos os registos de transações com atenção. Só quando fez a análise percebeu o grande problema — noventa por cento das perdas não foram por causa do mercado, mas sim por maus hábitos na gestão: cada vez que se entusiasmava, apostava tudo; a linha de stop loss era só para enfeitar; quando perdia, aguentava na esperança de recuperar; quando ganhava um pouco, ficava logo eufórico. É o manual perfeito para perder dinheiro.

Já ando neste mercado há quase dez anos e tenho de ser honesto: oportunidades há muitas, mas só quem sobrevive é que pode falar em ganhar dinheiro. O meu irmão só conseguiu recuperar porque seguiu à risca as três regras de sobrevivência que lhe dei — não foi graças a nenhuma operação milagrosa. Hoje vou partilhá-las contigo; se as ouvires, poupas pelo menos três anos de propinas ao mercado.

Primeira regra: o stop loss não é assumir a derrota, é fazer um seguro à tua conta. A regra de ferro que lhe impus foi: numa única transação, o máximo que podes perder é 5%. Se num dia chegares a uma perda total de 10%, fecha a app e vai fazer outra coisa; pensa no assunto amanhã. Muita gente pensa “se esperar, vai voltar a subir”, mas faz as contas: perdes metade de dez mil, ficas com cinco mil; mas para voltar aos dez mil, tens de dobrar — é o dobro da dificuldade. O stop loss serve para tapar o buraco enquanto ainda é pequeno; só com o capital intacto é que há hipótese de recuperar.

Segunda regra: não tentes apanhar todos os peixes com uma rede; basta focares-te em alguns pontos-chave dos principais ativos. Eu disse-lhe para olhar só para dois dos principais ativos do mercado, nada de...