Meu Deus! Como venezuelano que vive esta realidade todos os dias, é até doloroso ver como nos tornamos em cobaias da economia digital. O USDT ultrapassou os 300 bolívares, praticamente o dobro da taxa oficial! Não é apenas um número, é o reflexo da nossa desesperação coletiva.
O que mais me irrita é que alguns o apresentam como uma "oportunidade" ou uma "adoção cripto revolucionária". Que nada! É sobrevivência pura e dura. Nós não escolhemos as criptomoedas por moda ou investimento - precisamos delas para não perder tudo em questão de dias.
Quando vejo comerciantes P2P a gabar-se das suas estratégias, pergunto-me: será que realmente entendem que estão a lucrar com a miséria alheia? O spread entre compra e venda é brutal. Pagas uma comissão altíssima apenas por tentar proteger as tuas poupanças. É como se te cobrissem por usar um colete salva-vidas enquanto o barco afunda.
E o governo... bem, obrigado. Enquanto isso, o bolívar continua a cair como chumbo. As pessoas falam de "senso comum" e "capital mínimo" para fazer P2P, quando a maioria mal tem para comer. ¿220 USDT para começar? Isso é mais do que o salário anual de muitos!
O pior é que não vejo solução a curto prazo. Sem injeção de dólares reais na economia, esta bolha especulativa continuará a crescer. Parece-me irónico que quanto mais "descentralizados" tentamos ser, mais dependemos de plataformas estrangeiras e suas regras.
Cada dia é uma batalha para calcular preços, decidir quando trocar, quanto guardar em cripto e quanto em bolívares para gastos imediatos. É exaustivo viver fazendo cálculos constantes apenas para não empobrecer mais.
Esta é a verdadeira face da "revolução cripto" na Venezuela: não é liberdade financeira, é um salva-vidas caríssimo ao qual nos agarramos porque não nos deixaram outra opção.
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A tragédia do dólar digital na Venezuela: uma perspectiva de dentro
Meu Deus! Como venezuelano que vive esta realidade todos os dias, é até doloroso ver como nos tornamos em cobaias da economia digital. O USDT ultrapassou os 300 bolívares, praticamente o dobro da taxa oficial! Não é apenas um número, é o reflexo da nossa desesperação coletiva.
O que mais me irrita é que alguns o apresentam como uma "oportunidade" ou uma "adoção cripto revolucionária". Que nada! É sobrevivência pura e dura. Nós não escolhemos as criptomoedas por moda ou investimento - precisamos delas para não perder tudo em questão de dias.
Quando vejo comerciantes P2P a gabar-se das suas estratégias, pergunto-me: será que realmente entendem que estão a lucrar com a miséria alheia? O spread entre compra e venda é brutal. Pagas uma comissão altíssima apenas por tentar proteger as tuas poupanças. É como se te cobrissem por usar um colete salva-vidas enquanto o barco afunda.
E o governo... bem, obrigado. Enquanto isso, o bolívar continua a cair como chumbo. As pessoas falam de "senso comum" e "capital mínimo" para fazer P2P, quando a maioria mal tem para comer. ¿220 USDT para começar? Isso é mais do que o salário anual de muitos!
O pior é que não vejo solução a curto prazo. Sem injeção de dólares reais na economia, esta bolha especulativa continuará a crescer. Parece-me irónico que quanto mais "descentralizados" tentamos ser, mais dependemos de plataformas estrangeiras e suas regras.
Cada dia é uma batalha para calcular preços, decidir quando trocar, quanto guardar em cripto e quanto em bolívares para gastos imediatos. É exaustivo viver fazendo cálculos constantes apenas para não empobrecer mais.
Esta é a verdadeira face da "revolução cripto" na Venezuela: não é liberdade financeira, é um salva-vidas caríssimo ao qual nos agarramos porque não nos deixaram outra opção.