Ouro e Bitcoin sob a flutuação do mercado de capitais global

Recentemente, o mercado de capitais global apresentou uma enorme flutuação, a valorização do iene provocou uma mudança nas transações de arbitragem, e o índice VIX disparou. Mesmo o ouro teve uma leve correção devido ao choque de liquidez, enquanto o Bitcoin caiu drasticamente junto com os ativos de risco. Embora isso pareça contradizer a relação "gêmea" entre o ouro e o Bitcoin, ainda acreditamos que, à medida que o novo sistema monetário internacional evolui rapidamente, a relação gêmea entre o Bitcoin e o ouro se tornará ainda mais estreita.

Ao revisar a história do preço do ouro, desde 1970, o preço do ouro em relação ao dólar passou por três grandes ciclos de alta. A década de 70 foi o período de glória do ouro, com um aumento máximo de preço superior a 17 vezes. Este período coincide com a desintegração do sistema de Bretton Woods, a desvinculação do dólar do ouro, além de duas crises do petróleo e tensões geopolíticas, o que evidenciou as propriedades de preservação de valor e de proteção do ouro.

O segundo ciclo de alta ocorreu na década de 2000, com o preço do ouro a subir mais de 5 vezes. Este período viu o estouro da bolha da internet, uma desaceleração do crescimento econômico global, e a explosão da crise das hipotecas subprime e da crise da dívida na zona euro, levando os bancos centrais dos países desenvolvidos a adotarem políticas de afrouxamento quantitativo, o que impulsionou a descida das taxas de juro reais e aumentou a atratividade do ouro.

Atualmente, estamos na terceira ronda de ciclo de alta, que começou em 2019, e o preço do ouro está perto de dobrar. Esta ronda de alta pode ser dividida em duas fases: do final de 2018 até o início de 2022, afetada pelas tensões comerciais entre os EUA e a China e pela pandemia de COVID-19, as políticas monetárias globais tendem a ser mais flexíveis; de 2022 até o presente, apesar dos EUA terem aumentado rapidamente as taxas de juros para combater a alta inflação, o preço do ouro ainda subiu mais de 30%.

A economia tradicional considera que o preço do ouro tem uma relação inversa com as taxas de juros reais. No entanto, esta teoria parece não se aplicar mais na era pós-pandemia, com o preço do ouro a seguir uma tendência independente. Este fenômeno reflete a reação do mercado ao período de transição para um novo sistema monetário internacional, sendo essencialmente um reforço do "consenso" sobre a propriedade monetária do ouro e também uma diversificação defensiva do sistema de crédito do dólar.

Os bancos centrais e o setor privado em todo o mundo estão aumentando as reservas de ouro para diversificar o risco do dólar. De 2020 a 2023, a compra líquida de ouro pelos bancos centrais globais disparou de 255 toneladas para 1037 toneladas. O setor privado, especialmente países não europeus e não americanos, também está aumentando os investimentos em ouro.

Bitcoin e ouro têm muitas semelhanças, como escassez, descentralização e imutabilidade. Com a aprovação pela SEC dos EUA dos primeiros ETFs de Bitcoin, o Bitcoin avança ainda mais para a mainstream. Nos últimos anos, a correlação positiva entre os preços do Bitcoin e do ouro aumentou significativamente, sugerindo que ele pode estar evoluindo gradualmente de um ativo de alto risco para uma "moeda de mercadoria".

Olhando para o futuro, o sistema monetário internacional entrará em uma nova fase, com uma tendência clara de diversificação das moedas de reserva. No contexto do deslocamento do centro da inflação global e do aumento da incerteza geopolítica, o ouro ainda está na metade do ciclo de alta. Vale ressaltar que a diversificação das moedas de reserva não ocorre apenas a nível nacional, mas o setor privado também está ativamente envolvido nesse processo. Com a aceleração da popularização do Bitcoin, seu valor como moeda de reserva deve estar à altura do ouro, desempenhando juntamente um papel importante no novo sistema monetário internacional.