Pesquisa de Projetos Web3 para Iniciantes: 4 Principais Armadilhas a Evitar

Atenção às Narrativas de Projetos

No universo Web3, as tendências de mercado costumam acompanhar a narrativa dominante. Assim, ao considerar investir em um projeto Web3, o ponto mais relevante é entender a lógica por trás da narrativa apresentada.

Alerta: Evite conceitos ultrapassados e demandas artificiais.

O “ciclo narrativo” em Web3 é extremamente acelerado. Setores que já foram destaque, como Metaverso e GameFi, perderam força nos últimos dois anos. Se você continuar apostando nesses temas defasados, as chances de sucesso concreto do projeto serão praticamente nulas.

Mais arriscadas ainda são as narrativas de “falsa demanda” — exemplos como “usar blockchain para aumentar a eficiência da entrega do café da manhã” ou “aplicar tecnologia quântica na contabilidade pessoal”. Ideias que parecem inovadoras, mas não resolvem problemas reais dos usuários. São tentativas de encaixar blockchain em contextos sem relevância, criando demandas artificiais. Golpistas em Web3 aproveitam essas falsas narrativas. Novatos e investidores precisam redobrar a atenção para não cair em propostas que apenas reciclam tendências do setor. Uma dica: sempre que ouvir uma narrativa de projeto, questione — “A tecnologia tradicional não faria isso de forma mais eficiente que a blockchain?” Se a resposta for “sim”, provavelmente trata-se de uma necessidade criada. Por exemplo, “otimizar a entrega do café da manhã com blockchain” poderia ser resolvido apenas adicionando uma opção de agendamento para o dia seguinte em apps de delivery. Com a concorrência acirrada entre plataformas líderes de entrega, é provável que essa demanda nem exista.

Avalie as Equipes e Investidores dos Projetos

No ecossistema Web3, a equipe é o elemento central — mas também um dos principais pontos de risco. A qualidade do time determina o sucesso ou fracasso do projeto, tornando a diligência fundamental. Entre os riscos comuns de equipe, destacam-se:

Equipes 100% anônimas: Utilizam títulos como “desenvolvedor anônimo” ou “equipe secreta”, sem qualquer comprovação de identidade. Projetos assim são mais propensos a golpes de saída (“exit scams”). Em 2023, um projeto anônimo desapareceu com mais de US$10 milhões dos usuários apenas três dias após o lançamento.

Fraude em histórico profissional: Equipes que alegam ter membros “ex-Google” ou “core developers do Ethereum”, mas que não são encontrados no LinkedIn ou GitHub. O histórico alegado simplesmente não existe.

Fundadores ausentes: Aparecem só no lançamento e depois transferem toda a gestão da comunidade e as atualizações para o suporte, tornando-se inacessíveis por longos períodos.

Para uma análise rigorosa, valide a identidade dos membros no LinkedIn, revise os commits no GitHub (se o código principal nunca for público, atente a possíveis “projetos vaporware”) e monitore constantemente a atividade da comunidade. Se um fundador some do Discord, X (antigo Twitter) ou similares por mais de um mês, ou foge de perguntas sobre progresso ou uso de fundos, recomenda-se deixar o projeto.

O histórico dos investidores também é decisivo, mas não se iluda: “apoio de capital de risco famoso” não é garantia de segurança. Muitos projetos duvidosos se aproveitam desse mito:

Endossos pagos: Alguns projetos afirmam envolvimento de grandes fundos de capital de risco, mas, na prática, o fundo investiu apenas um valor simbólico (como US$10.000), funcionando apenas como publicidade paga.

Supercapitalização: Quando um projeto levanta valores elevados (mais de US$100 milhões) na rodada seed e conta mais de 20 investidores, as decisões futuras tendem a priorizar interesses financeiros, não o produto.

Fundos “fantasmas”: Existem “empresas de investimento Web3” sem histórico público nem site, que só se associam para surfar o hype, sem capital real.

Em projetos com aporte seed superior a US$1 milhão e múltiplos investidores, os fundadores devem monitorar de perto o uso dos recursos e ficar atentos a armadilhas.

Gerencie Riscos de Tokenomics

Tokenomics é a base de qualquer projeto Web3 — se for mal estruturada, o projeto pode desmoronar rapidamente.

Para projetos que ainda não lançaram tokens, observe os riscos principais:

Concentração excessiva de tokens: Se equipe e investidores controlam juntos mais de 60% dos tokens e o período de vesting é curto (por exemplo, 50% liberados no lançamento), o risco de venda em massa é alto, prejudicando os usuários comuns. Prefira projetos com menor concentração e períodos de lock-up mais longos para maior estabilidade.

Ausência de utilidade real: O token precisa ter uma função clara e integrada ao produto. Se serve apenas para negociação — e não para pagamentos, governança ou incentivos — seu valor não se sustenta. Evite esses casos.

Tokens “de vapor”: Alguns projetos emitem tokens baseados só em promessas de whitepaper, sem produto de fato nem auditoria de contrato inteligente. Frequentemente são esquemas ilegais — mantenha distância.

Para projetos já com tokens em circulação, atenção à alocação para grupos não estratégicos — como distribuições para plataformas apenas para gerar hype, sem suporte real. Isso leva a ofertas iniciais de tokens fracassadas e preços fracos, aumentando o risco.

Priorize Projetos em Conformidade — Evite “Zonas Cinzentas” Legais

Como afirmou o advogado Liu Honglin, do escritório Mankun, na última conferência global de blockchain: “A blockchain não tem fronteiras, mas todo usuário está sujeito a uma jurisdição.” Ou seja, é necessário cumprir a legislação local — e, como as normas de Web3 variam muito conforme a região, a análise de conformidade regulatória é indispensável para qualquer projeto.

Projetos irregulares estão sujeitos a delistagem, penalidades ou ações judiciais contra investidores. Na hora de escolher, foque nestes pontos:

Clareza regulatória: Desconfie de projetos registrados em países sem regras para cripto que buscam usuários em mercados rigorosos como EUA ou China. Se ignorarem exigências locais (como KYC nos EUA ou proibição na China), o risco é alto.

Risco de práticas financeiras ilegais: Fique atento a esquemas de pirâmide ou projetos com promessas de “retorno garantido em tokens” ou bonificações por indicação — normalmente são fachada para captação irregular.

Problemas de propriedade intelectual: Se o whitepaper ou a interface do produto for plagiado ou usar marcas conhecidas sem autorização (por exemplo, “NFTs Marvel” ou “metaverso Disney”), disputas judiciais são quase certas. Melhor evitar.

Conclusão

Analisar projetos Web3 é um processo complexo e detalhado, que demanda múltiplas perspectivas.

Apenas com pesquisa profunda é possível avaliar corretamente potencial e riscos, fugir de tendências passageiras e construir uma base sólida para o sucesso de longo prazo em Web3 — seja como iniciante ou como fundador.

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