Panorama de Fundo: Entendendo a 21Shares e o “40 Act”

A 21Shares, gestora de investimentos suíça fundada em 2018, é referência na integração de criptoativos aos mercados tradicionais por meio de ETPs e ETFs. O “40 Act” refere-se ao Investment Company Act de 1940, principal normativo da Securities and Exchange Commission (SEC) dos EUA para fundos mútuos e grande parte dos ETFs tradicionais. Já o Securities Act de 1933 (“33 Act”) é frequentemente utilizado no lançamento de produtos lastreados em criptoativos. As novas ofertas da 21Shares estão entre os primeiros ETFs de índice de cripto regulados pelo 40 Act e listados no mercado americano.
Destaques do Produto: Estrutura de ETF de Índice e Ativos Subjacentes
A 21Shares lançou dois fundos:
- TTOP (21Shares FTSE Crypto 10 Index ETF), que acompanha o FTSE Crypto 10 Select Index e representa os 10 maiores ativos digitais por capitalização de mercado.
- TXBC (21Shares FTSE Crypto 10 ex-BTC Index ETF), que exclui o Bitcoin e foca em outras redes blockchain.
Ambos os fundos são rebalanceados a cada trimestre, acompanhando as alterações na composição do índice de referência. O TTOP possui taxa de administração de 0,50%, enquanto o TXBC possui taxa de administração de 0,65%. Ao contrário dos ETFs tradicionais que replicam apenas um ativo, como Bitcoin ou Ethereum, esses produtos proporcionam exposição diversificada, reduzindo o impacto da volatilidade de ativos individuais.
Reação do Mercado no Lançamento: Precificação e Percepção dos Investidores
O mercado reconhece o lançamento da 21Shares como um marco relevante na aproximação entre criptoativos e finanças tradicionais. Segundo a Reuters, trata-se da estreia dos primeiros ETFs de índice cripto listados nos EUA e regulados pelo 40 Act. Embora a 21Shares ainda não tenha divulgado dados detalhados de negociação, análises do setor apontam que houve melhora significativa no sentimento dos investidores após o lançamento, impulsionada pela redução do risco regulatório e pela familiaridade com a estrutura do produto. Para investidores de varejo, esses ETFs tendem a diminuir as barreiras de entrada no mercado cripto; para investidores institucionais, ampliam as possibilidades de alocação de ativos digitais em um ambiente regulado.
Impactos para Investidores de Varejo e Institucionais
Para investidores de varejo:
- É possível investir por meio de plataformas de investimento tradicionais, sem a necessidade de manipular carteiras digitais ou chaves privadas. Conforme destaca a 21Shares: “Não é preciso gerenciar múltiplas carteiras, tokens, redes ou pontes.”
- A diversificação evita a concentração em uma única criptomoeda, o que contribui para a gestão de risco.
- Apesar disso, os criptoativos seguem apresentando alta volatilidade e o mercado permanece em evolução.
Para investidores institucionais:
- A estrutura baseada no 40 Act é muito similar à dos ETFs tradicionais, alinhando-se ao perfil institucional.
- Os ativos digitais passam a ser uma alternativa relevante para diversificação de portfólios.
- O modelo também exige atenção contínua a temas como conformidade, auditoria, custódia e transparência.
Riscos e Perspectivas Futuras
Apesar do registro da 21Shares indicar avanços para o setor, é essencial que os investidores observem os seguintes riscos:
- Desempenho negativo dos ativos subjacentes pode gerar perdas expressivas. A própria 21Shares ressalta diversos riscos em suas comunicações oficiais.
- Mesmo com a estrutura do 40 Act, criptoativos ainda podem enfrentar mudanças regulatórias, tributárias e de liquidação.
- O mercado ainda amadurece, e questões como liquidez, métodos de precificação e identificação de ativos seguem em desenvolvimento.
Perspectivas:
- Com o sucesso dos ETFs de índice da 21Shares, outros gestores podem lançar produtos similares, acelerando a inserção dos criptoativos nas finanças convencionais.
- Para investidores asiáticos, ainda que listados nos EUA, esses ETFs podem impulsionar mudanças regulatórias globais e ampliar a oferta de produtos no segmento.
- Esse cenário pode marcar uma transição importante do foco em negociação varejista para a alocação institucional de criptoativos em portfólios profissionais.